terça-feira, 11 de dezembro de 2012

The Drifters - Parte 2

Eu acho que aqui cabe, antes de mais nada, uma explicação. Na primeira parte de nossa biografia, eu deixei claro que houve uma rusga entre empresário e artistas, e, desta rusga, nasceram dois grupos. Um, comandado ainda pelo empresário, se intitulava "Drifters" por direito legal. O outro, que consistia dos ex-membros do grupo, reunidos, tinha o direito adquirido ao nome.
Bom, esta aqui é a minha opinião, apenas, e nada tem a ver com decisão judicial ou algo do gênero. Benjamin Nelson e sua galera eram muito bons. Mas já eram um grupo, e poderiam ter permanecido daquela forma, agenciados por Treadwell. O sucesso seria o mesmo. Ou até maior. Bill Pinkney, os irmãos Trasher e Little Dave eram, de fato, os "Drifters". O som era deles, o estilo que fez sucesso era o deles,... Então, pra mim, JulyN, este era o verdeiro grupo.
Mas, aqui, nós vamos seguir o histórico oficial da banda, como é registrada nos meios cabíveis. Então, nesta segunda parte, falaremos da nova formação de Treadwell. Mas não fiquem tristes os leitores que concordaram com o meu ponto de vista. Teremos sim, um terceiro texto, dedicado ao "Original Drifters". Aguardem e confiem...
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Depois da demissão do grupo inteiro, por parte de Treadwell, e a contratação de um novo grupo para substituir o antigo, as coisas precisaram ser organizadas. Temos que lembrar que, a atração "Drifters" ainda tinha um ano inteiro de contratos em turnês e outros compromissos. Por isso, não vamos crucificar totalmente o empresário, pela medida que tomou. Embora eu tenda a fazer isso!!! hahahaha

Imediatamente após a contratação dos meninos, houve o cumprimento dos compromissos já firmados para o grupo; turnês e aparições em eventos. Foi durante esta fase que o vocalista Benjamin Earl Nelson, mudou seu nome para Ben E. King. E, para aqueles cujos sininhos não tocam quando se fala este nome, poxa, sendo bem antipática, eu diria: estudem um pouco a história da música popular do século passado. Mas, voltando a ser legal com todos vocês, eu diria: "Stand By Me".

Voltando ao grupo, na estrada o Ben também compôs uma música que ajudaria a moldar a história do Rock & Roll, "There Goes my Baby". O grupo ensaiou nas horas vagas. A versão gravada tinha uma cadência bem mais leve do que a idealizada por Ben.
Também temos que lembrar que o guitarrista desta turnê foi Reggie Kimber, que já havia trabalhado com os "Drifters" da primeira formação. Treadwell achou que esta seria uma boa solução, visto que ele conhecia as músicas, e poderia auxiliar os novos rapazes.

A primeira sessão de gravação com o novo grupo aconteceu no dia 6 de março de 1959, sob o controle criativo de Jerry Leiber e Mike Stoller. As músicas gravadas foram: "Hey Senhorita" (vocais de Charlie Thomas), "There Goes my baby" (vocais de Ben E. King), "Baltimore" (Vocais de Charlie Thomas e Elsbeary Hobbs) e "Oh my Love" (vocais de Ben E. King). Ben, em entrevista, disse que estava tentando soar como o Sam Cooke (vamos falar dele em outra ocasião), mas não foi muito bem sucedido nisso. Mas, enfim, soou como ele mesmo, e as músicas ficaram ótimas!
A gravadora escolheu lançar um single de "There Goes my Baby/Oh my Love", em maio de 1956. "There Goes my Baby" virou um hit (#2 nas paradas de pop), e era mesmo muito diferente de tudo que estava em voga no momento. Lieber and Stoller acreditavam muito na música, quando ela foi composta. Mas os executivos da gravadora se assustaram com o novo som, que parecia ser uma coisa mais caliente, latina. Por isso, a decisão de lançar foi tomada em meio a uma discórdia entre os magnatas. Mas, os produtores estavam certos, e o sucesso instantâneo foi prova disso.


E lá vamos nós de novo com as confusões do empresário. Deus do céu!!! A Sarah Vaughan se livrou de uma encrenca boa, ao se separar dele!!! Enfim, piadinhas à parte, vamos aos fatos. Até agora, o leitor deve estar imaginando que estava tudo certinho, né? Ninguém se perguntou sobre o que aconteceu com o empresário do "The Crowns"??? Pois eu conto pra vocês. O cara foi esperto. Quando George o procurou, para fazer um acordo de liberação de seu grupo, ele foi concordando com tudo. Tinha contratos separados com todos os integrantes, e liberou a todos, menos o Ben. Mas, depois de muita conversa, deixou que Ben participasse de alguns shows, e ajudasse nas gravações do grupo, sem ser considerado parte dele. Mas ninguém falou nada sobre tornar o rapaz vocalista do grupo!!! E aí, para contornar a situação, a coisa toda ficou assim: Ben gravava em estúdio, mas não saía em turnê. Quem assistia o grupo ao vivo, via um outro integrante, Johnny Lee Williams. Enfim, ao que me parece, Ben era um ato solo, que fazia participações com o "Drifters". O que vocês acham?
Além desta confusão com os empresários, mais uma mudança ocorreu após a primeira gravação dos rapazes. Reggie foi dispensado, e a vaga foi preenchida por Bill Davis (que mais tarde mudou seu nome para Abdul Samad). Davis se tornou compositor, arranjador e empresário de turnês do grupo.
Em outra sessão, o grupo gravou duas músicas. As duas foram lançadas em um single em Setembro de 1959. "(If You Cry) True Love, True Love" era cantada por Johnny Williams, e "Dance With Me", por Ben E. King. As duas figuraram nas paradas pop, mas não chegaram às dez primeiras colocações. Em dezembro, mais quatro músicas foram gravadas, todas elas lideradas por Ben. Em Janeiro de 1960, a gravadora lançou "This Magic Moment/Baltimore". A primeira música se tornou mais um Hit do grupo.
E, depois de mais alguns lançamentos, Ben foi finalmente lançado como artista solo, se desligando do "Drifters". Lover Patterson (empresário do "Crowns") continuou a ser seu empresário. a última sessão que contou com Ben na gravação, aconteceu em maio, e o grupo gravou as seguintes músicas (todas com solos do Ben): "Save the Last Dance for Me"," Nobody But Me", "I Count the Tears" e "Sometimes I Wonder". "Save the last dance for me/Nobody but me" foi o single lançado em agosto, e a primeira música foi honrada como sendo a única música do grupo a alcançar o primeiro lugar das paradas pop. Bom, gente, já que vamos nos despedir aqui do Ben, eu devo dizer que ele foi uma das melhores vozes a liderar o grupo. Um ótimo vocalista, que só poderia ter sido um ícone da música. E ele foi... Qualquer dia desses, a gente fala sobre ele.
Em 26 de agosto, uma reunião estelar no Appollo deve ter deixado os fãs de boa música da épca de cabelos arrepiados: Clyde McPhatter, Johnny Darrow (Johnny Moore em carreira solo), The Original Drifters e a banda de Jimmy Oliver, todos no mesmo palco.
E, como em todo final de ano, desde 1955, em novembro, a gravadora relançou a "White Christmas", nos vocais de Bill Pinkney. Como o grupo estava se dando bem nas paradas pop, o lançamento não foi ignorado, e a música conseguiu se colocar nas paradas, mesmo que em posições bem distantes do primeiro lugar.
Em Desembro "I Count the Tears/Suddenly There's a Valley" foi lançado. Notem que a segunda música era bem antiga, de uma gravação de 1958, onde Bobby Hendricks era o vocalista, e podíamos ouvir Tommy Evans no coro. A gravadora estava ficando sem opções de lançamento com a voz de Ben, visto que ele não gravou muito com o grupo. Apesar disso, o single vendeu bem, e a primeira música figurou bem nas paradas pop.

E aí veio uma apresentação no Alabama, no começo de 1960. Johnny Williams anunciou, no palco, que não viajaria mais com o grupo, pois Alabama era a sua casa, e ele queria permanecer lá. Eventualmente Johnny também despontou como cantor solo. Uma rápida substituição era necessária, para cumprir a agenda do grupo. James Poindexter foi chamado. Acontece que ele tinha pânico de palco, e isso atrapalhou muito. O grupo acabou ficando como um trio, por algum tempo.
No final de 1960, na Filadélfia, Rudy Lewis audicionou para Treadwell, e foi escolhido como novo vocalista da banda. Como seus antecessores famosos, Rudy liderou a banda em uma série de HITS: "Please Stay", "Some Kind of Wonderful", "Up on the Roof", "On Brodway". Outros sucessos da época, foram liderados por Charlie Thomas: "When my Little Girl is Smilling" e "Room Full of Tears". Então, tenho que acrescentar aqui que esse montinho de músicas corresponde às mais legais, na minha opinião, junto com algumas outras da era Johnny Moore 2 (hehe), da história do grupo. 




Logo depois da entrada de Rudy, Elsbeary Hobbs foi liberado, e foi substituído por alguns outros, até que alguém permaneceu na vaga. Foram eles: Constantine Van Dyke (por um mês), George Grant (por duas semanas) e, finalmente, Tommy Evans, em sua terceira vez como baixo do "Drifters".

Além dos vocais dos rapazes, as gravações da primeira metade dos anos 60 contavam com as vozes de mais um quarteto. Essa inovação da gravadora em relação ao grupo, visava adequar o estilo das músicas àquela época. O que podia ser ouvido eram as vozes femininas de Dionne Warwick, sua irmã Dee Dee, sua tia Cissy Houston e uma amiga, Doris Troy. Alguém não conhece os três primeiros nomes??? Ou, pelo menos, dois deles??? Dionne é uma das grandes divas da música Soul. E Cissy, bem, Cissy é nada mais, nada menos, que mamãe de Whitney Houston. E para quem curte música Gospel, ela tem ainda mais valor que sua filha, por ser uma das melhores intérpretes do gênero.

Nesta época o estilo quase latino dos compositores e produtores do grupo estava irritando os executivos da gravadora, mas os fãs adoravam. Como já foi dito àcima, os singles foram sendo gravados e lançados. "Some Kind of Wonderful/Honey Bee" foi um deles. A segunda música foi resgatada de uma das sessões dos anos 50, com os vocais de Little Dave.

Lover poderia estar bem satisfeito com o Ben E. King. Mas não estava. Ele continuou tentando lançar grupos que eram cópias do "Drifters", e, por vezes, usava antigos membros do original em suas tentativas. Por ocasião do lançamento de "Honey Bee", Little Dave era o vocalista de um desses grupos.

Em Junho de 1961, mais um single foi lançado. E, mais uma vez, a segunda música era uma antiga gravação, de 1955. "Please Stay/No Sweet Lovin" alcançou bons números de vendagens e nas paradas. A segunda música era liderada por Bill Pinkney.
Em agosto, houve o lançamento de "
Sweets for My Sweet/Loneliness or Happiness". As duas lideradas por Rudy, finalmente. A primeira foi mais um Hit para o grupo.

Os singles continuaram a ser lançados. alguns fazendo sucesso, outros nem tanto. Em Junho de 1962, Dock Green saíu do grupo, logo após uma sessão de gravação. Gene Pearson veio substituí-lo, e refez alguns dos vocais gravados naquela última sessão, para que o resultado final contasse com seus vocais. E aí começa a dança das cadeiras mais uma vez. Dock chamou alguns velhos membros do grupo, para formar uma imitaçãozinha, os "Drapers". No grupo estavam Johnny Moore, Carnation Charlie e Tommy Evans. Aliás, este último podia dar as mãos ao empresário, pois jogou nos dois times por algum tempo. Não deixou o Drifters para cantar com os Drapers. Esteve nos dois grupos ao mesmo tempo. Esta formação não deu em nada, e Dock partiu para outra, com outros integrantes, e Tommy Evans!!! O grupo se chamava "Floaters" e, este sim, alcançou algum sucesso.
Enquanto isso, em setembro de 1962, "Up on the Roof/Another Night with the Boys" era lançado. Um Hit, por conta da primeira música. E, em novembro, mais uma vez, a gravadora soltou "White Christmas". E, de novo, embora timidamente, ela esteve nas paradas pop. Esta seria sua última vez, oficialmente. Bom, vamos esclarecer esse meu último comentário. Em 1992 a música de Natal figurou como uma das principais na trilha sonora de "Esqueceram de Mim 2", e voltou a ser um sucesso.

No começo de 1963, Tommy Evans finalmente abandonou o grupo, e foi substituído por Johnny Terry. Aí, em 12 de abril de 1963, Johnny Moore estava de volta. Depois de servir o exército no final dos anos 50, de volta à cena musical, ele tentou fazer sucesso em carreira solo, como Johnny Darrow. Ele explica a mudança de nome: existia um outro vocalista, ainda vivo, com o mesmo nome. Aí, eu tive que arranjar outro.
Bom, a carreira solo não foi tão bem assim. Então, ele esteve com os Drapers por algum tempo, e finalmente se reuniu com os Drifters.





Rudy, condoído de ser jogado para o coro, em detrimento de Moore, tentou lançar um single solo. Mas a música não foi bem nas paradas, e ele permaneceu com o Drifters por mais algum tempo. Neste ponto, os vocais eram divididos entre ele e Moore. Uma sessão posterior a esse arranjamento criou o single "Rat Race/If You Don't Come Back", lançado em maio. A primeira música liderada por Rudy, e a segunda, por Moore. Desta vez, apesar de figurar nas paradas, a posição da primeira música não foi tão boa. Posso dar uma opinião pessoal, de fã?!? Como é bom ouvir a voz de Johnny Moore de novo, como líder da banda!!! Vou falar um pouco disso agora, para não esquecer. Eu, que nasci em 1978, conheci uma fase do "Drifters" em que o Johnny era o vocalista, e foi pela voz dele que me encantei. Se hoje me interesso pela história do grupo, tudo começou com ele. É por causa dele que estou escrevendo tudo isso, apesar de admirar muito outros personagens desta biografia (Ben E. King, Bill Pinkney,...).
Na mesma sessão deste single, a música "Only in America" foi gravada, com vocais de Rudy Lewis. Mas, a gravadora, na época, achou melhor não lançar a versão do grupo, por causa das tensões raciais que estavam ocorrendo no país. Ao invés disso, eles aproveitaram a gravação instrumental e regravaram a música com um grupo também da gravadora, de cantores brancos. A versão do Drifters foi posteriormente lançada numa coletânea do grupo que saiu apenas na Europa. E, a versão de Jay and the Americans foi lançada nos Estados Unidos.

Em agosto daquele mesmo ano, a gravadora lançou "I'll Take You home/I Feel Good All Over". O single teve um sucesso moderado. Em dezembro a gravadora correu para lançar "Vaya con Dios/In the Land of Make Believe". Outro single com sucesso moderado. Na primeira, dá pra ouvir as vozes das famosas backing vocals, descaradamente. Quem gosta das meninas que eu citei, vai reconhecer as vozes.

Em março de 1964 "One Way Love/Didn't I" foi lançado. Mais uma vez, um sucesso moderado, bem longe do esperado para um single deste grupo. Atenção, galera: esta Didn't I não é a mesma musica gravada em 1970, pelo Delfonics. É outra.... Os amigos fãs de Delfonics, New Kids ou até mesmo Regina Belle, fiquem avisados!!! Um dia vamos falar do Delfonics tb.

Bom, aí vem mais uma história triste. No dia 21 de maio de 1964, o grupo ia gravar mais algumas faixas. Antes do trabalho, pela manhã, Johnny Moore foi visitar Sylvia Vanterpool (da dupla Mickey & Sylvia) e se surpreendeu com uma exclamação dela ao interfone: Graças à Deus que não foi você! Johnny perguntou do que é que ela estava falando, e Sylvia esclareceu: ouvi no rádio, faz alguns minutos, que um membro do "Drifters" morreu!
...
O membro em questão era Rudy Lewis... Muito triste. Bom, há duas versões diferentes para a morte dele, pois seu corpo foi encontrado pela manhã, em sua cama. Uma das versões é de praxe para o mundo do entretenimento: overdose. A outra versão é mais banal, mas muito mais bonitinha, ao meu ver. Ele teria se sufocado durante a noite, por esofagite. Rudy tinha o péssimo costume de comer muito, logo antes de dormir. Quem trabalha na área de saúde, especialmente com cantores, sabe que comer demais não é muito recomendado. E, comer antes de dormir, não é recomendado para ninguém!O ideal é que as refeições sejam feitas pelo menos 2 horas antes do sono.

Enfim... Seja lá qual for a versão correta, a verdade é que Rudy foi uma grande perda para o grupo. Os integrantes choraram muito, ficaram muito abalados. Mas fizeram isso todos juntinhos, naquele dia mesmo, na sessão de gravação!!! Pois é, a sessão não foi cancelada.
As músicas gravadas, foram: "Under the Boardwalk" (Johnny nos vocais), "He´s Just a Playboy" (Johnny nos vocais) e "Don´t Want to Go On Without You (Charlie Thomas nos vocais). A última foi dedicada ao falecido amigo. Então, comentário para se pensar... Tem um tal '27 club', composto por artistas que morreram tragicamente aos 27 anos. Rudy é considerado membro deste clube por alguns historiadores de música. Popularmente ele não é mensionado, pois todos os outros nomes do grupo são de roqueiros. 


"Under the Boardwalk/I don´t want to go on without you" foi lançado em junho, e a primeira música se tornou o último hit (top 10) do grupo. Eles permaneceram por dois anos com a formação inalterada, sem colocar um substituto para Rudy. Johnny assumiu de vez os vocais. Bom, gente, apesar da tragédia, "Under the BoardWalk" é uma das músicas mais bacanas que já ouvi. Ela é tão gostosinha de cantar junto!!! Quem quiser a música inteira, me dê um toque.


DB 23/08/1936 DD  20/05/1964

Em agosto de 1964, mais duas músicas foram gravadas, ambas lideradas por Johnny Moore: "I've Got Sand in my Shoes" e "Saturday night at the Movies".
Em Setembro a gravadora lançou "I've Got Sand in my Shoes/He´s Just a Playboy". O sucesso foi moderado.

De outubro a dezembro, muitas músicas no estilo pop, que era feito com sucesso pelo grupo "Coasters", foram gravadas para um disco que a Atlantic posteriormente lançou com o nome "The Good Life With the Drifters". Muitas das gravações tiveram que ser corrigidas, com os próprios produtores colocando suas vozes na harmonia, para disfarçar a dificuldade dos meninos em abraçar o novo estilo...
Eis as faixas do disco (surpresa, tem bossa nova!!!):

01 -
Quando Quando Quando
02 -
On the Street Where You live
03 -
I Wish You Love
04 -
Tonight
05 -
More
06 -
What Kind of Fool Am I
07 -
The Good Life
08 -
As Long As She Needs Me
09 -
Desafinado
10 -
Who Can I Turn To
11 -
Saturday Night at The Movies
12 -
Temptation

Enfim... hahahaha Eu vou ter que comentar, pois quando você gosta de alguma coisa, mas não conhece tudo, é muito lúdico descobrir certas coisas.
Eu descobri este disco com vocês, enquanto pesquisava o histórico do grupo. Eis minhas impressões: que tremendo cantor era o Johnny. Nossa, melhor ainda do que eu achava que ele era. Nesse disco ele teve que suar a camisa para se adequar ao estilo de Frank Sinatra. As músicas não têm cara de Drifters... Eu jamais diria que é um trabalho deles, se tivesse ouvido em outro lugar. Mas são legais sim. E, temos Saturday Night at the Movies, uma música que não foi gravada para este trabalho, mas que a gravadora resolveu colocar no disco, para ver se fazia sucesso. Talvez seja a única no estilo do grupo. Temptation aqui é interpretada por Johnny. Mas ela foi gravada pelo grupo Drifters antes disso, uma primeira vez, pelo lengedário Clyde McPhatter. Tem jeitão de ópera, então, se um dia eu achar a versão do contra-tenor, eu prometo que posto, pra gente poder comparar.

Em novembro, quase que concomitantemente com o lançamento deste disco, a Atlantic lançou dois singles do grupo: "Saturday Night at the Movies/Spanish Lace" e "The Christmas Song/I Remember Christmas". De todas as músicas, só a primeira figurou bem nas paradas de sucesso. Mas não chegou aos top 10. Marv Goldberg, cujo texto em Inglês está servindo de base para a nossa biografia, diz que também não acreditou quando foi pesquisar os números e viu que "Saturday Night..." não chegou a ser um grande HIT, pois ele se lembra da música como tal. Eu também achei estranho isso, pois essa foi, na verdade, a primeira música do grupo que eu gostei depois de descobri-los. Estranho, né? Enfim, o Marv tem um belo site que homenageia os primórdios do R&B, e já que estamos falando dele, que é um DJ que toca essas pérolas, vamos fazer propaganda do site: Unca Marvy's Home Page. É em Inglês, é claro, pois aqui no Brasil são poucas as pessoas que gostam de discutir a história da música mundial, e mantém as informações que conseguem disponíveis para todo mundo (é o que, humildemente, tento fazer).
Enfim, continuando... Em dezembro a gravadora ainda lançou mais um single. "Answer the Phone/At the Club". Surpreendentemente, a segunda música é que alcançou alguma colocação nas paradas, mesmo que modesta. Musiquinha muito da simpática, eu entendo bem o porquê muitas pessoas gostaram dela.Em 1965 o grupo fez sua primeira turnê pela Europa. E foram muito bem recebidos...



Em março do mesmo ano, foi lançado "Come on Over to My Place/Chains of Love". Nenhuma das duas músicas foi um grande sucesso, mas as duas, surpreendentemente conseguiram integrar as paradas de sucesso da época. Outros singles foram sendo lançados naquele ano, todos eles com pelo menos uma música no top 100 das paradas pop.

Em 1966 as coisas continuavam indo devagar. Os singles lançados não alcançaram posições do top 100. No meio do ano, Johnny Terry precisou deixar o grupo, por motivo de doença. Dan Dandridge o substituiu por alguns meses. Mas também abandonou o grupo, depois que se casou. Então, Johnny Moore foi buscar o antigo parceiro dos tempos de "Hornets", Bill Brent, para o trabalho.
Mais ou menos na mesma época, Gene Pearson saiu do grupo. Estava descontente com os empresários. O grupo era um ato precioso, muito conhecido, mas os empresários continuavam agendando shows em lugares para iniciantes. Johnny Moore não concordava com isso, mas não largou o osso. Eddie Bowen substituiu Pearson por alguns meses. Mas logo saiu  em carreira solo. E, finalmente, Treadwell encontrou Rick Sheppard para a colocação. E ele chegou à tempo de mais uma sessão em estúdio. Agora, o grupo consistia de Johnny Moore, Charlie Thomas, Rick Sheppard e Bill Brent.
Mas não por muito tempo. Depois da sessão, Bill Brent foi demitido, e substituído por Bill Fredericks, que tinha uma voz mais versátil. Em novembro, a gravadora lançou "Aretha"/"Baby what I Mean". A segunda foi o último hit nas paradas pop (top 100) do grupo.




Em julho, foi lançado "Ain't It The Truth/Up Jump the Devil". A primeira figurou no top 40 de R&B. Foi a última música do grupo a figurar em qualquer parada.

Em quatorze de maio de 1967, George Treadwell faleceu, e sua então esposa, Faye, assumiu o empresariado. Charlie Thomas não estava muito satisfeito com o trabalho dela, mas ficou por algum tempo ainda, no grupo, para ver quais rumos seriam tomados. Mas, em agosto daquele ano, depois de uma briga, ele saiu de vez. À princípio, ele desistiu da música, e foi cuidar de sua vida, em outros negócios. Charlie foi o membro que mais tempo ininterrupto ficou no grupo. Foram 9 anos. Ele continua vivo, e hoje em dia faz shows, cantando os antigos sucessos.
Em caráter de emergência, Charlie foi substituído por Charles Baskerville. Mas ele saiu alguns meses depois, sem nunca ter gravado uma música com o grupo. Dean Darrow contou em entrevista que ele, e mais alguns rapazes, estavam ensaiando secretamente com Treadwell, no começo daquele ano, as músicas e o estilo do "Drifters". É possível que o empresário estivesse pensando em demitir o grupo todo de novo. Mas faleceu antes que isso acontecesse.
Dia 8 de novembro eles foram à outra sessão de estúdio. Sem substituto para Charlie. Gravaram algumas músicas, e suas vozes foram duplicadas, para dar a ilusão de coro. Abdul Samad abandonou o grupo, e Butch Mann veio para substituí-lo. Em Dezembro, Milton Turner veio preencher a vaga de Charlie.

Em 1968 não houve trabalho para os rapazes. Nenhuma gravação ou lançamento. Eles voltaram ao trabalho em março de 1969, apenas. Gravaram algumas músicas, e lançaram um single. Mas não alcançaram nenhum sucesso. Milton Turner permaneceu no grupo até o final de 1969, quando um outro Charlie Thomas assumiu a posição. Para evitar confusão, ele mudou seu nome para Don Thomas.






Finalmente, no começo de 1970, o grupo se separou. Aparentemente eles estavam insatisfeitos com a empresária. Tentaram se reunir mais uma vez, sem os executivos antigos, mas não deu certo. Ricky Sheppard acabou virando policial em NY, e essa ideia esfriou de vez.
Em Julho de 1970, a gravadora lançou um single, sem se preocupar com o fim do grupo. Mas não houve sucesso. No final de 1970, Faye Treadwell chamou Johnny Moore e Bill Fredericks para uma última gravação. Autores das músicas e pessoal de produção se uniram aos integrantes presentes, para reforçar o coro. Um single foi lançado em fevereiro de 1971: "A Rose by any Other name/Be my lady". Mais uma vez, não houve sucesso. Esse foi o último single oficial do grupo.

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Esse era o fim da segunda fase. hahahahaha Aí o leitor pergunta: não acabou? Não...
Ainda temos "The Original Drifters". E também o "Drifters" reformado, com os integrantes aqui mostrados, que foram para a Europa, mais precisamente na Inglaterra, e fizeram muito sucesso por lá, nos anos 70. Charlie Thomas formou seu próprio grupo, e vem se apresentando ainda hoje. E Rick Sheppard também formou seu grupo, que vive sob o sucesso dos "Drifters". Ele ainda se apresenta pelos Estados Unidos e Canadá. E tem (informação atualizada em 2012) o Drifters novo, do grupo empresarial que detém a marca - este seria o oficial. Mandei uma mensagem via twitter para o grupo, para ver se eles me concedem uma entrevista... Ia ser legal, né?

Eu queria aqui, falar um pouco mais sobre o Johnny Moore, e como eu conheci o grupo.
Sendo uma amante de música desde muito cedo, na adolescência, com o advento do cd, eu virei colecionadora. Sou de São Paulo, para quem ainda não sabe... E passei minha vida toda fazendo compras na rede de Supermercados Carrefour. E lá, desde que me conheço por gente, eles costumam vender cds de coletâneas feitas por gravadoras menores, por preços ínfimos. Se a gente procura direitinho, acha algumas pérolas nesses cds. Comprei, há muito tempo atrás, uma coletânea de R&B e Doo Wop. Músicas dos anos 50, 60 e 70. O que me impeliu a compra foi a música "It's in his Kiss", da cantora Betty Everett. Mas, no cd, uma das faixas era "Kissin' in the Backroll of the Movies", creditada ao "Drifters". Bom, gostei muito da voz do vocalista, e resolvi procurar mais coisas do grupo. Acabei encontrando uma gravação de um show ao vivo. E a única música de estúdio no cd era "Saturday Night at the Movies". Gostei do cd do show, e comprei mais uma coletânea, mas, desta vez, era uma espécie de Greatest HITS. E qual não foi a minha surpresa ao perceber que as gravações tinham vozes completamente diferentes da do show, e a maior parte delas, era com o Ben E. King, que eu conhecia pela "Stand By Me". Estranho, né? Pior... Tinha esta música no cd, creditada ao grupo.
Aí fiquei com a pulga atrás da orelha.... Mas, foi só mais recentemente, com um Inglês mais apurado, e com mais disposição para ler todo o intrincado material sobre o grupo, que eu descobri várias coisas. Por exemplo, nunca tinha ouvido as músicas da primeira fase do grupo, em suas versões originais. Só versões regravadas, ou ao vivo, na voz de Johnny Moore. Foi ele quem me levou ao grupo. Ben E. King, depois da fama em carreira solo, e por causa da história do contrato com Lover, pôde creditar todas as gravações que fez com o grupo em nome dele, posteriormente, e o mundo esqueceu-se que ele, na verdade, foi parte do grupo. E, o que eu realmente conheci e gostei, foi do "Drifters" Europeu.

Enfim, foi um enorme prazer, finalmente desvendar a história por trás de uma música, de uma voz que me conquistou.

Johnny Moore já é falecido, infelizmente. Morreu em 1998, e a causa é desconhecida. Prometo que, futuramente, ainda coloco o nome de todos que um dia integraram o grupo, e como eles estão, ou se estão, nos tempos de hoje. Ainda teremos uma terceira parte de biografia, pois vamos dar uma atenção especial ao Bill Pinkney e os originais... hahaha E lá, muita coisa será falada sobre os integrantes. E eu prometo que, se eu encontrar alguma coisa, vou falar também dos Drifters na Europa. Tudo o que eu sei, por enquanto, eu já disse aqui.

Texto longo, de novo. Eu me empolgo, pois gosto dessas histórias sobre os grandes nomes da música. Espero que vocês gostem de ler... E aguardem pelos próximos, sobre Drifters e sobre outras bandas.



Beijos da JulyN

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