segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Voltando a falar de Boyzone...

Boyzone, em 2007. Da esquerda para a direita:
Mikey Graham, Shane Lynch, Stephen Gately, Keith Duffy e Ronan Keating.
Foto cortesia de Telegraph.

Há quase dois anos atrás, num roupante de saudade, eu resolvi escrever sobre esta banda, que adoro... E fui falando os detalhes todos que eu sei, por que não é uma banda muito conhecida aqui no Brasil, embora tenha alcançado estrondoso sucesso na Europa. E chegou o momento, depois da última postagem, de falar sobre a volta do grupo, após um necessário hiato.  Falemos mais sobre isso, então...

Muitas Boy Bands dizem hiato, e nós entendemos fim. E foi assim com Boyzone também. E era de se entender, já que Westlife estava ocupando os espaços que antes eram deles, Ronan tinha tido uma participação fundamental nisso, o time de empresários e produtores era o mesmo, e de novo Roman estava explodindo em sua carreira solo. Receita de um bolo que se chama fim. De 2001 à 2007, o mundo se virou até que bem sem o Boyzone, no colo de Shane Filan e sua gangue, e curtindo o talento solo de Ronan. Louis Walsh, o empresário, estava até bastante ocupado, entre seu trabalho com Westlife e na tv, como jurado do X Factor... Mas, rumores surgiram no início de 2007 de que os meninos, os cinco, foram vistos na companhia do empresário, no que seria uma reunião de negócios... 


No começo os fãs não deram muito crédito, pois um dos motivos do fim, lá no começo do século, foi também uma briga entre Ronan e Louis... Os dois juntos, de novo? Será? Os burburinhos não aquietaram, a imprensa passou a noticiar sobre o assunto com uma certa regularidade, e a ansiedade entre os fãs foi crescendo. Jogada de marketing? Se foi, funcionou... Eu não era uma fã do grupo. Não acompanhei a carreira deles, mal conhecia as músicas.... Estou sendo sincera. Lembro de tê-los visto nas premiações europeias da MTV, ter gamado no Stephen Gately, mas ter decidido não acompanhar a banda, pois estava muito brava com o New Kids e seus integrantes, pelas dificuldades que eu enfrentava para conseguir acesso ao material deles, e não queria arranjar mais sarna para me coçar! Acabei, de fato, me encantando com o Ronan, em carreira solo...  E quando veio a notícia da volta do grupo, fiquei apreensiva, pois imaginei que isso poria fim a carreira de um dos meus artistas favoritos. 

Os rumores foram crescendo durante o ano de 2007, até que nos foi revelado por Ronan e Louis que a reunião era primeiro para um evento especial: Children In Need, special de tv beneficente que acontece anualmente na Inglaterra. Tipo o Telethon daqui... Evento especial, pra caridade, com nada novo, apenas um pot-pourrie das músicas mais famosas. Legal, bacana... E uma chance de rever o Stephen... Ele estava firme e forte na Europa, no teatro, em musicais... Coisas as quais daqui do Brasil eu não tinha acesso. E lá fomos nós assistir ao Boyzone pela internet, sem saber o que nos aguardava em seguida. 

Acontece que, de fato, essa apresentação era só um teste. Haveria efervescência por parte dos fãs, e vontade de mais? O mundo pararia para vê-los??? Depois do Children in Need, Ronan e Louis chegaram à conclusão que havia acontecido suficiente barulho para que eles tentassem algo. E um Greatest Hits com duas faixas inéditas, e uma turnê, um única turnê, foi agendada. Era isso. Duas músicas novas, e uma turnê, para matar as saudades dos fãs... Era mesmo? Ou esse era mais um teste? Começamos a desconfiar...

Capa do single 'Love You Anyway'.
Foto cortesia de Wikipedia.
Fato é que os meninos não queriam ir com muita cede ao copo, mudar todo o esquema de vida que eles demoraram alguns anos para construir, para dar com os burros n'água. Então, eles jogaram baixo, para ver o que eram capazes de ganhar. Aí, depois desse anuncio, as fãs tiveram um ano inteiro para roer unhas, blogar e twittar, enquanto os meninos foram gravar e ensaiar. E, no final de setembro de 2008, eu finalmente descobri junto a todo mundo, o que era o Boyzone. Eles lançavam o primeiro single da volta, Love You Anyway. Um clipe lindo, os meninos em forma, dançando em linha, uma música atrevida, um mid tempo bacana de dançar, Roman Keating nos vocais principais e Stephen segurando o coro com sua voz aguda.... Uma música com cara de Ronan Keating, mas com pegada de grupo, dada por Stephen, que marcava presença e avisava que aquela não era uma música de Ronan Keating, mas sim de Boyzone. Resolvi me deixar levar, por que eu adorei... E, talvez eu pudesse de fato gostar de Boyzone, né?

Em outubro de 2008 eles lançaram 'Back Again... No Matter What'; o tal greatest Hits que tinha na verdade 3 músicas inéditas. E pudemos conferí-las... Lindas, as três. Mas com especial significado para 'Better', que foi lançado como segundo single do disco. A letra fala de um amor maduro, que superou expectativas e que cresce a cada dia, melhor. Linda letra. E um clipe que quebrou tabus. Nele os integrantes aparecem cantando para parceiros de sexo oposto, com exceção de Stephen. Um vídeo lindo, de um tremendo bom gosto fotográfico, e uma mensagem fantástica. Vale à pena ver. E esta foi a última aparição de Steo em clipes.... O que viria depois, não poderíamos supor nem nos nossos pesadelos mais horrorosos...

O disco foi um sucesso, a turnê foi um espetáculo. Os meninos ficaram satisfeitos, e passaram a falar num próximo disco... É.... Pra tranquilizar a fã de Ronan Keating aqui, ele lançou um disco solo... Deixando a entender que ia tocar as duas carreiras simultaneamente, enquanto também assumia o juri do X Factor Australia, sambava de ponta cabeça, e mascava chiclete, comendo banana... Quase um Donnie Wahlberg! bKKK

Aí, depois da turnê de sucesso, os meninos se recolheram em estúdio para gravar o que seria o primeiro álbum inteiro de inéditas depois da volta. Meninos? Homens maduros, com total noção do que estavam fazendo. Diferente do passado, em que eram meninos teleguiados por empresários e produtores. Stephen e Ronan assumiram a escolha de repertório, com o segundo mandando mais, é claro, por que é consenso que ele é meio dominador mesmo... E é consenso que Steo aceitava isso, e sabia como contornar a personalidade forte de seu melhor amigo. Começaram a gravar os vocais para o novo álbum, mas estavam cansados, e tiraram um tempinho para projetos paralelos e descanso. Coisa de semanas... Ronan tinha compromissos na América... Uma maratona beneficente pra organização que ele mantém de apoio a portadores de câncer. A mãe dele morreu da doença... Steo aproveitou para passar uns dias em Mallorca, um balneário na Espanha, com seu esposo, Andrew Cowles... Eles tinham um apartamento no paraíso Espanhol. 

Stephen Gately, carinhosamente chamado de Steo. Saudade...
Descanse em paz, lindo. Você fez muita gente feliz.
Foto cortesia de The Guardian.
E chegou o momento que eu venho tentando evitar desde outubro de 2009, na tentativa de mantê-lo no campo da surrealidade e da irrealidade... Fui para algum lugar com os amigos, e voltei na hora do jornal nacional para casa no dia 10 de Outubro daquele ano. Quando cheguei, estava azul de fome. Esquentei alguma coisa no micro-ondas, e sentei em frente à tv, pra comer. Estava sozinha em casa. Acho que meu irmão tinha ido viajar. Não lembro muita coisa. Só lembro de ter engasgado ao ouvir William Bonner anunciar a morte de Stephen Gately na ilha de Mallorca, na Espanha... E seguiu falando brevemente do ativismo civil em prol dos homossexuais dele... E acho que falou do Boyzone, mas eu não lembro, por que, se falou, eu já estava engasgando e não entendendo nada. 

Liguei o computador para ver as notícias na internet. Podia ser outro Stephen, né? Lembro de ter ficado puta por que a internet estava fora do ar aqui. Era net na época... Uma porcaria... Meu desespero foi aumentando... Liguei para a amiga com quem estivera a tarde toda, e pedi que ela checasse na internet dela, se pudesse. Ela checou... 'Jú, Steo morreu mesmo... Você está bem?' 

Depois disso só lembro de ter chorado por dias... E ter assistido ao velório dele pela internet, e de ter me apegado às entrevistas dos meninos, e os relatos... Ronan também recebeu a notícia a seco. O advogado da banda ligou, havia horas que ele estava em Chicago, e deu a notícia. Stephen estava morto. Ronan lembra de não ter imaginado se tratar de Steo, e perguntar, inocentemente, de que Stephen ele estava falando... Em seguida, ainda não acreditando, ligou para Andrew, o marido... E foi de Ronan a incumbência, entre choros e soluços, de contar aos três integrantes da banda, se reorganizar, e voltar pra casa, pra encontrá-los, e irem os quatro buscar Steo em Mallorca. Sim... Boyzone, a verdadeira família de Steo, foi à Mallorca buscar seu corpo, buscar Andrew, trazê-los de volta à Irlanda, para honrar a memória do ser humano que era de fato um irmão para eles. 

E eu vou terminar este capítulo aqui, por que não quero mais continuar. Steo faz muita falta... Era lindo, vibrante, amável para com os fãs, tinha uma luz no olhar e no jeito de se conduzir no palco. E era, pelo jeito, um excelente amigo também... E ele simplesmente faz falta. Então, agora que estou chorando de novo, depois de seis anos, vou parar por aqui. Mas adianto que ainda temos coisa para falar sobre Boyzone. Só não hoje... 





JulyN.

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